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							Enfim, a taxa de desmatamento anual na Amazônia brasileira caiu 22% e voltou a alcançar níveis inferiores a 10 mil km2 (algo que não acontecia desde 2018). Há muito a ser discutido à luz dessa boa notícia, particularmente em relação à contribuição da política pública para alcançar esse resultado. Mas o foco da coluna hoje será outro: satélites!

Verdade seja dita, satélites não são novidade. Utilizada há décadas, a tecnologia é essencial em diversos setores, inclusive em aplicações nas áreas de meio ambiente e clima. Ainda assim, é relevante falar sobre o tema, pois poucos conhecem a importância que os satélites têm para a gestão ambiental e para a ação climática.

O sensoriamento remoto, nome dado ao processo de varredura da terra por satélites para obtenção de informações sobre ela, é uma fonte preciosa de dados e, portanto, de conhecimento. Nos anos 1980, foi utilizando fotos tiradas por sensores a bordo de satélites que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pôde começar a fazer mapas anuais do desmatamento na Amazônia brasileira. Com o passar do tempo, houve enorme avanço tanto na qualidade e variedade de dados coletados por satélites quanto nos métodos disponíveis para processar e utilizar tais dados. É graças ao sensoriamento remoto que há, hoje, bases de dados incríveis (muitas delas públicas) sobre cobertura florestal, temperatura, chuva, ventos, uso da terra, fluxos de transporte e muito, muito mais.

As informações coletadas por satélites são também insumos fundamentais para a tomada de decisão. O sistema de monitoramento de perda florestal na Amazônia, por exemplo, gera alertas em tempo quase real sobre o que acontece com a floresta. Esses alertas são usados para focalizar ações de fiscalização. Quando inaugurou o sistema em meados da década de 2000, o Brasil foi pioneiro ao usar a tecnologia de sensoriamento remoto para fortalecer a capacidade de aplicar a lei em uma região com sabida fragilidade institucional. Deu muito certo.

Claro que os satélites não têm a resposta para tudo. É o caso do Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento previsto no Código Florestal para mapeamento das principais características ambientais de imóveis rurais. Reunindo informações sobre todos os imóveis rurais no país, o CAR é uma importante ferramenta de gestão ambiental, além de uma riquíssima fonte de dados sobre a estrutura fundiária brasileira. Contudo, por melhores que sejam as imagens de satélite para uso no sistema, elas não bastam para desatar alguns nós fundiários.

Ao usar informações geradas por sensoriamento remoto, o Brasil passou a conhecer melhor o que acontece em seu território e, assim, agir de forma mais efetiva. Mas não só isso. Ao dar publicidade a essas informações, como fez com o desmatamento anual nos anos 1980 e com os alertas de desmatamento há 20 anos, construiu os alicerces de um poderoso instrumento de transparência perante a sociedade civil e a comunidade internacional.

O uso estratégico da tecnologia de satélite contribui com a produção de conhecimento científico, fortalece a política pública baseada em evidência e promove accountability ambiental. Não por acaso me tornei uma enorme entusiasta de sensoriamento remoto.

Clarissa Gandour é professora da FGV EESP, doutora em economia pela PUC-Rio e especialista em políticas públicas para enfrentamento da crise climática. Sua pesquisa apoia a ação climática baseada em evidência.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S.PAULO


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Satélites são fundamentais para gestão ambiental e ação climática

Enfim, a taxa de desmatamento anual na Amazônia brasileira caiu 22% e voltou a alcançar níveis inferiores a 10 mil km2 (algo que não acontecia desde 2018). Há muito a ser discutido à luz dessa boa notícia, particularmente em relação à contribuição da política pública para alcançar esse resultado. Mas o foco da coluna hoje será outro: satélites!

Verdade seja dita, satélites não são novidade. Utilizada há décadas, a tecnologia é essencial em diversos setores, inclusive em aplicações nas áreas de meio ambiente e clima. Ainda assim, é relevante falar sobre o tema, pois poucos conhecem a importância que os satélites têm para a gestão ambiental e para a ação climática.

O sensoriamento remoto, nome dado ao processo de varredura da terra por satélites para obtenção de informações sobre ela, é uma fonte preciosa de dados e, portanto, de conhecimento. Nos anos 1980, foi utilizando fotos tiradas por sensores a bordo de satélites que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pôde começar a fazer mapas anuais do desmatamento na Amazônia brasileira. Com o passar do tempo, houve enorme avanço tanto na qualidade e variedade de dados coletados por satélites quanto nos métodos disponíveis para processar e utilizar tais dados. É graças ao sensoriamento remoto que há, hoje, bases de dados incríveis (muitas delas públicas) sobre cobertura florestal, temperatura, chuva, ventos, uso da terra, fluxos de transporte e muito, muito mais.

As informações coletadas por satélites são também insumos fundamentais para a tomada de decisão. O sistema de monitoramento de perda florestal na Amazônia, por exemplo, gera alertas em tempo quase real sobre o que acontece com a floresta. Esses alertas são usados para focalizar ações de fiscalização. Quando inaugurou o sistema em meados da década de 2000, o Brasil foi pioneiro ao usar a tecnologia de sensoriamento remoto para fortalecer a capacidade de aplicar a lei em uma região com sabida fragilidade institucional. Deu muito certo.

Claro que os satélites não têm a resposta para tudo. É o caso do Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento previsto no Código Florestal para mapeamento das principais características ambientais de imóveis rurais. Reunindo informações sobre todos os imóveis rurais no país, o CAR é uma importante ferramenta de gestão ambiental, além de uma riquíssima fonte de dados sobre a estrutura fundiária brasileira. Contudo, por melhores que sejam as imagens de satélite para uso no sistema, elas não bastam para desatar alguns nós fundiários.

Ao usar informações geradas por sensoriamento remoto, o Brasil passou a conhecer melhor o que acontece em seu território e, assim, agir de forma mais efetiva. Mas não só isso. Ao dar publicidade a essas informações, como fez com o desmatamento anual nos anos 1980 e com os alertas de desmatamento há 20 anos, construiu os alicerces de um poderoso instrumento de transparência perante a sociedade civil e a comunidade internacional.

O uso estratégico da tecnologia de satélite contribui com a produção de conhecimento científico, fortalece a política pública baseada em evidência e promove accountability ambiental. Não por acaso me tornei uma enorme entusiasta de sensoriamento remoto.

Clarissa Gandour é professora da FGV EESP, doutora em economia pela PUC-Rio e especialista em políticas públicas para enfrentamento da crise climática. Sua pesquisa apoia a ação climática baseada em evidência.

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