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(Foto :pedrosek/123rf)A reputação do sistema financeiro não é das melhores. Há motivos justos para isso, principalmente depois da crise financeira mundial da década passada. A desregulamentação do setor nos Estados Unidos, em parte resultado do lobby da própria indústria, fez com que bancos tomassem risco excessivo – o que colocou sob ameaça todo o sistema financeiro internacional. Para evitar o colapso, governos utilizaram dinheiro público para salvar essas instituições. Não é à toa que quem paga imposto ficou revoltado.

Tudo isso ressalta a necessidade de regular o setor, com vistas a evitar que a tomada de risco excessiva leve a um problema sistêmico, como já foi discutido aqui.

Entretanto, um sistema financeiro forte é importantíssimo para o bom funcionamento da economia e para o desenvolvimento do país.



Em linhas gerais, uma instituição financeira (um banco, por exemplo) serve para “conectar” pessoas que têm dinheiro sobrando com outras que estão precisando de dinheiro. Há indivíduos na economia que ganham mais do que gastam e, assim, estão poupando recursos. O banco coleta esse dinheiro, e aloca para quem quer tomar emprestado – consumidores comprando imóveis e veículos, empreendedores em início de negócio, empresas que fazem investimentos etc.

Para entender a importância do sistema, pense como seria um mundo em que esse intermediário não existisse. Suponha que você normalmente ganha mais do que gasta, e quer guardar uma grana para emergências ou para se aposentar no futuro. Deixar esses recursos em dinheiro, “debaixo do colchão”, não é um bom negócio: além de não ser remunerado, você verá a inflação corroer o poder de compra da sua poupança ao longo do tempo.

Melhor emprestar o dinheiro para alguém que lhe pagará juros. Para tal você teria que procurar um indivíduo que esteja precisando de recursos, o que em si já é custo. Mas suponha que você encontre meia dúzia de empreendedores que estejam querendo abrir negócios. Você pode colocar seu dinheiro em uma fábrica de copos descartáveis, em uma paleteria mexicana, em uma fazenda de gado, em uma empreiteira etc. Como decidir?

Em geral essa é uma escolha complicada, especialmente para quem não tem muita informação sobre cada negócio. Há uma boa chance de que você coloque o dinheiro em uma atividade que não prosperará, o que fará com que você saia perdendo muito.

Além disso, uma vez que o investimento seja realizado, você precisaria monitorar o empresário, para que as ações dele conduzam ao sucesso do negócio – por exemplo, para garantir que ele use a grana emprestada para aumentar a capacidade de produção da firma, e não para pagar suas despesas pessoais. Afinal, ele nem sempre tem incentivo a andar na linha, pois o eventual fracasso será compartilhado com você, que colocou o dinheiro lá.

Tudo isso, para o investidor individual, envolveria custos consideráveis: encontrar pessoas interessadas em tomar emprestado, colher informações sobre esses potenciais tomadores, monitorar o empresário financiado. Fora o risco de perder dinheiro por uma eventual falência.

Muita gente provavelmente optaria por não encarar essa empreitada. Melhor deixar a grana debaixo do colchão. Eventuais ganhos de emprestá-la não compensariam os custos e riscos envolvidos.

Na outra ponta, pessoas que precisam tomar dinheiro emprestado ficariam a ver navios. Diversos consumidores não conseguiriam comprar imóveis, veículos, ou bens duráveis. Empreendedores não teriam condições de iniciar seus negócios, planos de investimento de empresas ficariam comprometidos etc. Isso seria prejudicial, em última instância, ao desenvolvimento do país.

Aqui entra o sistema financeiro. Você coloca seu dinheiro em um banco, que encontrará uma forma de emprestá-lo. A instituição se encarrega de coletar informações sobre emprestadores e seus negócios e de monitorar aqueles que tiveram os empréstimos aprovados. Você, como investidor individual, não precisa fazer essas tarefas.

Esse é o business do banco. Ele presta o serviço de captar recursos de poupadores e de selecionar e monitorar emprestadores. Como em qualquer empresa, o interesse dos donos é ganhar dinheiro. Parte do lucro do banco vem justamente da diferença entre a taxa de juros que ele cobra dos emprestadores e a taxa de juros com que remunera os poupadores.

O risco para o investidor é, ainda, severamente reduzido pelo sistema financeiro. Afinal, o banco capta recursos de vários investidores, e não colocará tudo em uma empresa só. Sim, alguns desses negócios financiados vão falir, mas isso será compensado pelos ganhos oriundos do sucesso de outros empreendimentos.

Dessa forma, investidores se sentem mais confortáveis em emprestar seu dinheiro, pois podem obter algum retorno com segurança, sem ter de incorrer em custos de seleção e monitoramento dos negócios financiados. E isso acaba trazendo recursos para o sistema, viabilizando empréstimos, empreendedorismo e expansão da capacidade produtiva.

O sistema financeiro precisam de regulação para funcionar bem e evitar crises. Ele é, porém, crucial para impulsionar investimento, empreendedorismo e inovação. Não é à toa que países ricos apresentam alto grau de desenvolvimento financeiro.

 

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Não gosta dos bancos? Pior seria sem eles!

(Foto :pedrosek/123rf)A reputação do sistema financeiro não é das melhores. Há motivos justos para isso, principalmente depois da crise financeira mundial da década passada. A desregulamentação do setor nos Estados Unidos, em parte resultado do lobby da própria indústria, fez com que bancos tomassem risco excessivo – o que colocou sob ameaça todo o sistema financeiro internacional. Para evitar o colapso, governos utilizaram dinheiro público para salvar essas instituições. Não é à toa que quem paga imposto ficou revoltado. Tudo isso ressalta a necessidade de regular o setor, com vistas a evitar que a tomada de risco excessiva leve a um problema sistêmico, como já foi discutido aqui. Entretanto, um sistema financeiro forte é importantíssimo para o bom funcionamento da economia e para o desenvolvimento do país. Em linhas gerais, uma instituição financeira (um banco, por exemplo) serve para “conectar” pessoas que têm dinheiro sobrando com outras que estão precisando de dinheiro. Há indivíduos na economia que ganham mais do que gastam e, assim, estão poupando recursos. O banco coleta esse dinheiro, e aloca para quem quer tomar emprestado – consumidores comprando imóveis e veículos, empreendedores em início de negócio, empresas que fazem investimentos etc. Para entender a importância do sistema, pense como seria um mundo em que esse intermediário não existisse. Suponha que você normalmente ganha mais do que gasta, e quer guardar uma grana para emergências ou para se aposentar no futuro. Deixar esses recursos em dinheiro, “debaixo do colchão”, não é um bom negócio: além de não ser remunerado, você verá a inflação corroer o poder de compra da sua poupança ao longo do tempo. Melhor emprestar o dinheiro para alguém que lhe pagará juros. Para tal você teria que procurar um indivíduo que esteja precisando de recursos, o que em si já é custo. Mas suponha que você encontre meia dúzia de empreendedores que estejam querendo abrir negócios. Você pode colocar seu dinheiro em uma fábrica de copos descartáveis, em uma paleteria mexicana, em uma fazenda de gado, em uma empreiteira etc. Como decidir? Em geral essa é uma escolha complicada, especialmente para quem não tem muita informação sobre cada negócio. Há uma boa chance de que você coloque o dinheiro em uma atividade que não prosperará, o que fará com que você saia perdendo muito. Além disso, uma vez que o investimento seja realizado, você precisaria monitorar o empresário, para que as ações dele conduzam ao sucesso do negócio – por exemplo, para garantir que ele use a grana emprestada para aumentar a capacidade de produção da firma, e não para pagar suas despesas pessoais. Afinal, ele nem sempre tem incentivo a andar na linha, pois o eventual fracasso será compartilhado com você, que colocou o dinheiro lá. Tudo isso, para o investidor individual, envolveria custos consideráveis: encontrar pessoas interessadas em tomar emprestado, colher informações sobre esses potenciais tomadores, monitorar o empresário financiado. Fora o risco de perder dinheiro por uma eventual falência. Muita gente provavelmente optaria por não encarar essa empreitada. Melhor deixar a grana debaixo do colchão. Eventuais ganhos de emprestá-la não compensariam os custos e riscos envolvidos. Na outra ponta, pessoas que precisam tomar dinheiro emprestado ficariam a ver navios. Diversos consumidores não conseguiriam comprar imóveis, veículos, ou bens duráveis. Empreendedores não teriam condições de iniciar seus negócios, planos de investimento de empresas ficariam comprometidos etc. Isso seria prejudicial, em última instância, ao desenvolvimento do país. Aqui entra o sistema financeiro. Você coloca seu dinheiro em um banco, que encontrará uma forma de emprestá-lo. A instituição se encarrega de coletar informações sobre emprestadores e seus negócios e de monitorar aqueles que tiveram os empréstimos aprovados. Você, como investidor individual, não precisa fazer essas tarefas. Esse é o business do banco. Ele presta o serviço de captar recursos de poupadores e de selecionar e monitorar emprestadores. Como em qualquer empresa, o interesse dos donos é ganhar dinheiro. Parte do lucro do banco vem justamente da diferença entre a taxa de juros que ele cobra dos emprestadores e a taxa de juros com que remunera os poupadores. O risco para o investidor é, ainda, severamente reduzido pelo sistema financeiro. Afinal, o banco capta recursos de vários investidores, e não colocará tudo em uma empresa só. Sim, alguns desses negócios financiados vão falir, mas isso será compensado pelos ganhos oriundos do sucesso de outros empreendimentos. Dessa forma, investidores se sentem mais confortáveis em emprestar seu dinheiro, pois podem obter algum retorno com segurança, sem ter de incorrer em custos de seleção e monitoramento dos negócios financiados. E isso acaba trazendo recursos para o sistema, viabilizando empréstimos, empreendedorismo e expansão da capacidade produtiva. O sistema financeiro precisam de regulação para funcionar bem e evitar crises. Ele é, porém, crucial para impulsionar investimento, empreendedorismo e inovação. Não é à toa que países ricos apresentam alto grau de desenvolvimento financeiro.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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