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														No primeiro discurso como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva fala que seu governo vai “investir na economia verde”. Mas o que exatamente ele quis dizer com economia verde? É a mesma coisa que economia ambiental? E economia circular? Nesta coluna, vamos tentar desmistificar esses conceitos, que têm ganhado tanto espaço na política brasileira.

Economia, como sabemos, é o conjunto de decisões de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Um sistema econômico, então, são as respostas escolhidas para perguntas como: que bens e serviços vamos produzir? Como vamos produzir? E para quem vamos produzir?

A economia verde é um dos sistemas econômicos existentes. Trata-se de um sistema em que o conjunto de decisões econômicas tem o objetivo explícito de alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, no curto e no longo prazos. Pode parecer um pouco paradoxal querer falar de desenvolvimento e preservação ao mesmo tempo, mas como Lula explica, “uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente”. Em um texto publicado nesta coluna ano passado, falamos mais de por que nem sempre existe esse trade-off que pressupomos entre economia e meio ambiente e, principalmente no contexto mundial que nos encontramos hoje, por que há cada vez mais espaço para alinhar lucro e preservação ambiental.

Podemos entender a economia verde então como uma aplicação política da economia ambiental. A economia ambiental, no caso, é o campo de estudo no qual princípios econômicos são usados para entender como os recursos ambientais e naturais são desenvolvidos, gerenciados e distribuídos. É uma das áreas em que economistas atuam, e envolve entender não só os instrumentos e modelos econômicos mas também os fluxos e sistemas naturais.

A economia circular, por sua vez, é um dos elementos que fazem parte da economia verde. Trata-se de uma estratégia em que os resíduos são insumos para a produção de novos produtos, ou seja, é um modelo de produção e de consumo que envolve partilha, aluguel, reutilização, reparação, reciclagem etc.

Um economista ambiental, então, pode estudar e criar projetos para a implementação de uma economia circular como estratégia para consolidação de uma economia verde em um país.

Porém, a economia verde dependerá de muitos outros elementos além da economia circular para ter um funcionamento correto. O primeiro passo no Brasil será a criação de políticas públicas que estimulem empregos verdes, que introduzam direitos sob poluição e abram as portas para o mercado de créditos de carbono, que visem minar as desigualdades e alinhar desenvolvimento e sustentabilidade, que introduzam um monitoramento mais forte do desmatamento ilegal, entre outros fatores.

A sinalização dada por Lula em seu discurso, que sugere um governo que vai priorizar pautas ambiental e climáticas, é muito positiva para quem defende o potencial da economia verde para a recuperação econômica do país.

No entanto, não é a economia verde sozinha que vai “salvar” o Brasil, ou evitar que ele continue “lascado”, como fala Gil do Vigor. A economia verde é um dos vários elementos importantes que incentivam uma transição e podem contribuir para o desenvolvimento do país. Outros exemplos incluem os investimentos em educação, o avanço de agendas interseccionais importantes incluindo o combate à fome e ao desemprego, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, uma melhor diplomacia e governança nas relações com outros países, e assim por diante.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S.PAULO

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Entenda o que o Lula quis dizer com investir na economia verde

No primeiro discurso como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva fala que seu governo vai “investir na economia verde”. Mas o que exatamente ele quis dizer com economia verde? É a mesma coisa que economia ambiental? E economia circular? Nesta coluna, vamos tentar desmistificar esses conceitos, que têm ganhado tanto espaço na política brasileira.

Economia, como sabemos, é o conjunto de decisões de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Um sistema econômico, então, são as respostas escolhidas para perguntas como: que bens e serviços vamos produzir? Como vamos produzir? E para quem vamos produzir?

A economia verde é um dos sistemas econômicos existentes. Trata-se de um sistema em que o conjunto de decisões econômicas tem o objetivo explícito de alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, no curto e no longo prazos. Pode parecer um pouco paradoxal querer falar de desenvolvimento e preservação ao mesmo tempo, mas como Lula explica, “uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente”. Em um texto publicado nesta coluna ano passado, falamos mais de por que nem sempre existe esse trade-off que pressupomos entre economia e meio ambiente e, principalmente no contexto mundial que nos encontramos hoje, por que há cada vez mais espaço para alinhar lucro e preservação ambiental.

Podemos entender a economia verde então como uma aplicação política da economia ambiental. A economia ambiental, no caso, é o campo de estudo no qual princípios econômicos são usados para entender como os recursos ambientais e naturais são desenvolvidos, gerenciados e distribuídos. É uma das áreas em que economistas atuam, e envolve entender não só os instrumentos e modelos econômicos mas também os fluxos e sistemas naturais.

A economia circular, por sua vez, é um dos elementos que fazem parte da economia verde. Trata-se de uma estratégia em que os resíduos são insumos para a produção de novos produtos, ou seja, é um modelo de produção e de consumo que envolve partilha, aluguel, reutilização, reparação, reciclagem etc.

Um economista ambiental, então, pode estudar e criar projetos para a implementação de uma economia circular como estratégia para consolidação de uma economia verde em um país.

Porém, a economia verde dependerá de muitos outros elementos além da economia circular para ter um funcionamento correto. O primeiro passo no Brasil será a criação de políticas públicas que estimulem empregos verdes, que introduzam direitos sob poluição e abram as portas para o mercado de créditos de carbono, que visem minar as desigualdades e alinhar desenvolvimento e sustentabilidade, que introduzam um monitoramento mais forte do desmatamento ilegal, entre outros fatores.

A sinalização dada por Lula em seu discurso, que sugere um governo que vai priorizar pautas ambiental e climáticas, é muito positiva para quem defende o potencial da economia verde para a recuperação econômica do país.

No entanto, não é a economia verde sozinha que vai “salvar” o Brasil, ou evitar que ele continue “lascado”, como fala Gil do Vigor. A economia verde é um dos vários elementos importantes que incentivam uma transição e podem contribuir para o desenvolvimento do país. Outros exemplos incluem os investimentos em educação, o avanço de agendas interseccionais importantes incluindo o combate à fome e ao desemprego, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, uma melhor diplomacia e governança nas relações com outros países, e assim por diante.

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