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Externalidades

As externalidades referem-se a situações em que a produção ou consumo de bens/serviços impõe custos ou benefícios a terceiros não relacionados – indivíduos que não estão envolvidos nem na produção nem no consumo destes bens/serviços.


Em outras palavras, externalidades são efeitos colaterais ou consequências de uma atividade industrial ou comercial que afete pessoas que não usufruíram dos bens/serviços produzidos por meio dessa atividade.


Externalidades estão bastante relacionadas às falhas de mercado (ver Falha de mercado), porque, como não é possível atribuir um preço a elas, não é possível comercializá-las nem embutir seu custo no preço do produto, gerando assim um mercado em desequilíbrio.

Uma forma de entender melhor o que são as externalidades é por meio de exemplos. Existem externalidades positivas e negativas.

As externalidades positivas são aquelas que proporcionam benefícios a terceiros. Alguns exemplos são:
  • Vacinação: a vacinação não beneficia apenas a pessoa que foi vacinada, mas também todas as pessoas da comunidade em que ela vive, uma vez que a partir do momento em que uma pessoa é vacinada, ela tem uma probabilidade menor de contrair a doença e, consequentemente, uma probabilidade menor de contaminar os outros.
  • Educação e treinamentos: a melhoria dos sistemas de educação e formação beneficia não só os alunos, mas a economia como um todo. Com melhor educação e treinamento, a produtividade das empresas tende a aumentar. Também é comum haver um estímulo ao crescimento econômico, um aumento da renda das pessoas e uma produção de bens mais baratos e variados, o que beneficia a sociedade como um todo.
  • Pesquisa e desenvolvimento: investimentos em pesquisa e desenvolvimento costumam beneficiar a sociedade como um todo, e não apenas a empresa responsável por desenvolvê-los. É comum o desenvolvimento de novas tecnologias beneficiar diferentes indústrias. A pesquisa de semicondutores, por exemplo, não é benéfica somente para os fabricantes de semicondutores, mas também para as indústrias modernas de telecomunicações e equipamentos de informática.
Por outro lado, as externalidades negativas são aquelas que geram custos a terceiros sem que haja qualquer compensação por isso. Por exemplo:
  • Bens deméritos: bens cujo consumo aumenta os custos à sociedade, como cigarros, álcool e drogas ilegais. Fumar, por exemplo, não é apenas prejudicial para os fumantes, mas também para a qualidade de vida e saúde das pessoas ao redor, que são obrigadas a respirar a fumaça (fumo passivo) proveniente do cigarro; esse hábito também gera um aumento de gastos para o sistema público de saúde, que é custeado por toda a população.
  • Poluição do ar devido à fumaça de veículos motorizados ou fábricas que usam combustíveis fósseis: além de piorar a qualidade de vida da comunidade do seu entorno e aumentar os custos para o sistema de saúde local – uma vez que a poluição está associada a uma série de doenças –, seu impacto também pode ser sentido globalmente por meio dos efeitos do aquecimento global.

As externalidades e o direito de propriedade
Observe que em ambos os casos, de externalidades positivas ou negativas, se fosse possível atribuir um preço ao benefício ou custo gerado aos terceiros não envolvidos no processo de produção ou consumo, a quantidade produzida dos bens/serviços provavelmente seria diferente.

No exemplo da poluição do ar gerada por veículos motorizados, se o custo da poluição fosse incorporado ao preço do veículo ou ao preço do combustível, a quantidade de pessoas que utilizam automóveis provavelmente diminuiria ou, pelo menos, haveria uma redução na utilização do veículo – as pessoas considerariam outras formas de transporte mais baratas –, gerando, assim, uma redução da quantidade de gases poluentes emitida no ar.

A grande dificuldade nos casos de externalidade é, justamente, o fato de não ser possível embuti-las no preço dos produtos, uma vez que, em geral, não há um dono ou responsável pelo bem. No caso da poluição, por exemplo, não há um dono do ar limpo, por exemplo. Ou, como os economistas costumam dizer, não existem direitos de propriedade bem estabelecidos.

Justamente por isso, as externalidades costumam acontecer quando tratamos de bens comuns ou bens públicos (ver Bens).

Como lidar com as externalidades
É um grande desafio para os governos lidar com as externalidades, em especial, as negativas. Afinal, dificilmente existe uma solução Pareto eficiente, ou seja, uma resolução que melhore a situação de um dos lados sem prejudicar o outro lado.

Apesar da dificuldade, existem alguns mecanismos tipicamente utilizados para lidar com os casos de externalidades. Entre eles, podemos citar:

  • · Aplicação dos direitos de propriedade
Nos casos em que há direitos de propriedade, mas eles são mal estabelecidos, uma opção é fazer valer tais direitos por meio de monitoramentos, leis e do sistema jurídico, por exemplo. Não é uma tarefa fácil, mas, se for possível, as duas partes podem negociar o valor de mercado do impacto externo e chegar a um acordo. Quando não conseguem concordar, os causadores do problema podem ser forçados a interromper suas atividades até chegarem a um consenso.
Por exemplo, um poluidor industrial que polui os recursos hídricos que passam por uma propriedade privada pode ser considerado culpado de invasão e de causar danos à propriedade. O dono dessa propriedade pode, então, processar o poluidor e obter uma liminar para interromper a prática do poluidor. Isso efetivamente transfere os custos de volta para o poluidor, em vez de recair sobre um terceiro não relacionado à produção ou consumo do bem/serviço.

  • Impostos

Os governos podem tributar bens ou serviços para limitar externalidades negativas, como poluição e resíduos. Podem, por exemplo, impor sanções fiscais aos produtores que descartam resíduos tóxicos no meio ambiente. Entretanto, medidas como essa costumam ser impopulares, ainda mais se não forem acompanhadas de um plano em nível macro, já que podem gerar um desincentivo a importantes atividades econômicas locais.


  • Subsídios
Os governos podem fornecer incentivos fiscais para fomentar empresas cujas atividades beneficiem a sociedade como um todo. Por exemplo, o governo pode fornecer subsídios a empresas que utilizem combustíveis ecologicamente corretos, incentivando ainda mais o seu consumo e tornando essas empresas mais competitivas no mercado. Outro exemplo é o subsídio à educação, permitindo que mais pessoas tenham acesso a uma melhor formação.

  • Regulamentação
Além dos impostos, outra forma de os governos limitarem as externalidades é por meio da regulamentação, estabelecendo, por exemplo, limites máximos para emissão de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera.

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